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Diálogos intergeracionais e ancestralidade marcam discussões em últimos painéis do Congresso Internacional de educação ambiental

25 julho, 2025 Camila Carvalho Comments Off

Painéis foram palco de troca de experiências sobre projetos desenvolvidos, entre outros, em São Tomé e Príncipe, Moçambique e no primeiro bairro indígena de Manaus: o Parque das Tribos

O último dia de programação do VIII Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa foi marcado por discussões sobre a importância dos diálogos intergeracionais e a ancestralidade para fortalecimento da educação ambiental.

A iniciativa é organizada pela RedeLuso, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Ministério da Educação, Governo do Estado do Amazonas, Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar do Amazonas, Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas e Fundação Matias Machline, e termina nesta sexta-feira (25).

Um dos destaques foi a apresentação do Parque das Tribos, maior comunidade indígena não aldeada do mundo, localizada no bairro Tarumã, em Manaus. A história do local foi apresentada pela ativista indígena e porta-voz da Rede Sustentabilidade, Vanda Witoto. “É o primeiro bairro indígena dentro da cidade de Manaus. Isso é um feito histórico para o nosso país, tendo em vista que o Estado brasileiro não reconhece os direitos dos povos indígenas fora do seu território tradicional”, ressaltou. 

“É o primeiro bairro indígena dentro da cidade de Manaus. Isso é um feito histórico para o nosso país, tendo em vista que o Estado brasileiro não reconhece os direitos dos povos indígenas fora do seu território tradicional”, ressaltou. 

Ela participou do painel Educação ambiental e respostas sociais e ambientais – sociobiodiversidade, ancestralidade, comunidades tradicionais e grupos em situação de invisibilidade e vulnerabilidade, que fechou a programação da manhã, com uma forte ligação com os povos e comunidades para fortalecer e mostrar a importância dos conhecimentos tradicionais.

Vanda Witoto fez um retrospecto histórico da consolidação do Parque das Tribos e apresentou os projetos realizados no local, como a Casa do conhecimento ancestral, local destinado para educação ancestral, antirracista, ambiental e climática para o bem viver coletivo.

Nós temos uma política extremamente racista que não considera os corpos indígenas e corpos negros, mesmo o nosso modo de vida mantendo a vida na Terra. A gente não é maior que a floresta, não é maior que o rio. A gente pertence à natureza. Essa ideia de posse, não faz com que as pessoas sejam parte e não entendem que quando destroem estão perdendo o ambiente. Essa cidade concretada nós faz perder o contato com a natureza”, defendeu. 

O biólogo, especialista em flora e diretor executivo da ONG Oitiva, uma organização voltada à proteção e restauração dos mangais em Angola, Danilson Lunguenda ressaltou a importância dos mangais para a subsistência dos ecossistemas e das comunidades costeiras de Angola. 

“Os mangais são protetores da orla costeira, estimulam um ecossistema de carbono azul , berçário e maternidade da vida marinha, além de ser santuário das aves migratórias e representarem fonte de renda e subsistência para as comunidades”, disse.

Segundo ele, os mangais estão ameaçados por construções, poluição e ações antrópicas, mas, com ajuda da comunidade, há o desenvolvimento de projetos de educação ambiental comunitária para preservação do ambiente. 

A ativista ambiental que atua na Feitoría Verde – organização dedicada a projetos de sustentabilidade e responsabilidade social, Rebeca Raso, também chamou a atenção para a participação das comunidades para construção de perspectivas de um futuro sustentável.

“Trabalhamos com diferentes aspectos. Trabalhamos com a educação como um processo. Metodologias socioafetivas, teatro do oprimido, com objetivo de fazer a conexão das pessoas com elas mesmas. Trabalhamos com um projeto intergeracional para construir perspectivas de futuro sustentável através de ferramentas artísticas. Nas escolas, fazemos um trabalho de convivência, bom trato, gestão de conflitos, educação socioafetiva, antirracismo, cooperação”, disse ao explicar a importância da mobilização social. 

Intergeracional

Para compartilhar experiências intergeracionais, a manhã desta sexta-feira (25) foi aberta pelos debates no painel “Educação ambiental no sistema educativo e diálogos intergeracionais”. 

A pesquisadora em Ciências da Educação na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Eugenia Cossa, apresentou as experiências e práticas da educação ambiental no sistema educativo moçambicano, para promover uma reflexão sobre os desafios do diálogo intergeracional, com destaque ao papel da Faculdade de Educação  do Clube de Educação ambiental.

“As práticas de educação ambiental que são um momento de consolidação psico-pedagógica visando agregar o saber, fazer e saber ser/estar, elementos necessários para o futuro educador ambiental. Valorização do saber local com informações, modos de fazer, criar e saber, transmitidos oralmente em determinadas comunidades de geração em geração como parte da sua cultura, suas práticas e seus costumes”, explicou. 

O professor e pesquisador na Universidade de São Tomé e Príncipe, Hugolay Maia, que apresentou o projeto “Peixinho de São Tomé e Príncipe” afirmou que a conexão entre as instituições e as comunidades formam “cientistas comunitários”.

“Estudamos o aspecto bioecológico da espécie com apoio da comunidade. Trabalhando com a comunidade para a comunidade, transformamos alguns elementos da comunidade em cientistas comunitários. É um projeto inovador porque representa uma fusão única entre a tradição pesqueira e inovações ambientais, oferecendo um modelo sustentável para o futuro de São Tomé e Príncipe”, defendeu. 

Segundo ele, o projeto tem como foco a conscientização e o envolvimento da comunidade local na preservação dos ecossistemas marinhos e costeiros. A iniciativa busca unir tradições culturais de pesca com inovações sustentáveis, criando uma abordagem holística para educação ambiental. 

A importância do diálogo para difusão e fortalecimento da educação ambiental também foi difundida pelo engenheiro aeroespacial com atuação na área ambiental, Marco Romero. 

Segundo ele, a partir da experiência vivida em Angola, é necessário saber comunicar e transmitir a mensagem sobre a preservação do meio ambiente de forma correta para atingir públicos específicos.

“Nós só conseguimos preservar e cuidar daquilo que nós conhecemos e quanto melhor conhecemos, independente da perspectiva, vamos conseguir conservar, guardar e preservar para as próximas gerações. Não tem uma fórmula. Há problemas, ideias e necessidades”, disse Romero. 

Congresso

Integrado à agenda preparatória da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), o VIII Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa será realizado em Manaus, de 21 a 25 de julho de 2025, com o tema Educação ambiental e ação local: respostas à emergência climática, justiça ambiental, democracia e bem viver.

O evento reunirá mais de 1,6 mil congressistas de 10 países e contará com a participação de nomes como a ministra Marina Silva (na abertura) e o pesquisador Carlos Taibo (no encerramento), além de representantes de comunidades tradicionais, instituições acadêmicas e órgãos públicos.

A iniciativa é organizada pela Rede Lusófona de Educação Ambiental (RedeLuso), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Ministério da Educação, Governo do Estado do Amazonas, Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar do Amazonas, Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas e Fundação Matias Machline.

O evento tem apoio da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (Aspea), Articulação Nacional de Políticas Públicas de Educação Ambiental (Anppea), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Centro de Educação Ambiental e Preservação do Patrimônio (Ceapp), Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBea), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Lixo Zero Brasil, Itaipu Binacional, Universidade Federal do Paraná (UFPR), República Portuguesa, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ASL Brasil – Projeto de Paisagens Sustentáveis da Amazônia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Tribunal de Contas do Estado do Amazonas e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Camila Carvalho, assessoria de imprensa do VIII Congresso Internacional de Educação Ambiental de Países e Comunidades de Língua Portuguesa

Assessoria de Imprensa
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